CROSS DRESSING


Crossdressing é um termo que se refere a pessoas que vestem roupas ou usam objetos associados ao sexo oposto, por muitas razões, desde vivenciar uma faceta feminina (para os homens), masculina (para as mulheres), motivos profissionais, para obter gratificação sexual, ou outras.
O crossdressing (ou travestismo, no Português, e frequentemente abreviado para "CD"), não está relacionado com a orientação sexual, e um crossdresser pode ser heterossexual, homossexual, bissexual ou assexual. O crossdressing também não está relacionado a transexualidade.
Os Crossdressers tipicamente não modificam o seu corpo, através da terapia hormonal ou cirurgias, mas tal acontece em alguns casos, como o de Stu Rasmussen, político americano e presidente da câmara municipal da cidade de Oregon.
Os transformistas fazem parte da população crossdresser, mas a sua motivação está relacionada apenas com motivos profissionais, como espetáculos de transformismo.

A expressão "drag-queen" (de DRAG, "DRessed As a Girl"), em inglês, é equivalente a transformista, mas quando utilizada no português, por vezes refere-se aos crossdressers com um visual mais exageradamente feminino.

 

Tipologia de crossdressers

É frequente existir na opinião popular a identificação da atividade de um homem que se veste como mulher como sendo uma atitude homossexual. No entanto, esta descrição não é exata, já que a homossexualidade tende a manifestar-se como atração física, emocional e estética por outro indivíduo do mesmo sexo.
A atração por um indivíduo que manifesta atributos externos do sexo oposto sugere a necessidade de uma classificação diferente.
Segundo as teorias de Blanchard, Bailey, e Lawrence, que são, no entanto, bastante controversas, deve-se dividir a população crossdresser em diversas subcategorias, dependendo fundamentalmente da motivação que leva um indivíduo a vestir-se e a comportar-se como um indivíduo do sexo (físico) oposto e a identificar-se com um gênero que não é anatomicamente aquele com que nasceu.

 

Fetichismo

Uma classe de crossdressers apenas usa roupas tradicionalmente associadas ao sexo oposto como forma de obter satisfação sexual com um parceiro ou parceira que tenha um desejo compatível (ou seja, o parceiro ou parceira deverá ter o desejo de obter prazer sexual por estar com alguém que se veste e se comporta como um indivíduo do sexo oposto).
O ato de se vestir como um indivíduo do sexo oposto é normalmente limitado no tempo, ou seja, não se trata de uma condição permanente.
O indivíduo em questão apenas recorrerá à atividade de crossdressing para se satisfazer sexualmente, mantendo, no entanto, um comportamento e um vestuário em conformidade com o seu sexo durante todas as restantes atividades da sua vida.
O fetiche crossdresser pode ser tanto homossexual como heterossexual.
Por exemplo, um casal heterossexual pode ter o parceiro masculino usando roupas femininas durante o ato sexual, atividade essa que o excitará tanto a ele como a ela; esta atividade, conhecida no mundo anglo-saxônico por "sissyfication" (cuja tradução livre significa femininização) é um fetiche comum e simples.
Nenhum dos parceiros considerará o homem que usa roupas femininas como sendo transgênero (muito menos transexual); e este não terá qualquer desejo homossexual, mas apenas o desejo de satisfazer a sua parceira com que partilha o fetiche.
Inversamente, alguns crossdressers fetichistas apenas usam roupas do sexo oposto para terem relações com membros do mesmo sexo que no entanto partilham o desejo de terem relações com crossdressers fetichistas.
A maioria dos crossdressers fetichistas que desejam relações com membros do mesmo sexo apenas enquanto usam roupas (e assumem comportamentos) do sexo oposto não se considera homossexual; no entanto, uma fração deste grupo considera-se bissexual, tendo frequentemente um companheiro permanente do sexo oposto, e um companheiro temporário do mesmo sexo, com o qual, no entanto, só tem relações enquanto usa roupas do sexo oposto.
O ato de vestir roupas do sexo oposto é, pois, uma atividade diretamente relacionada com o desejo de satisfação sexual com outro indivíduo que partilhe o fetiche.

Crossdresser Libidinoso


Neste grupo não existe necessidade de qualquer ato sexual para provocar a excitação e o desejo sexual.
O Crossdresser Libidinoso obtém toda a satisfação meramente ao vestir roupas do sexo oposto e a comportar-se como tal. É frequente ser referido que este grupo tende a ser muito mais cuidadoso na imagem que apresenta do sexo oposto; o prazer sentido é maior quanto mais perfeita for essa imagem.
Na terminologia corrente entre crossdressers, chama-se a este ato "passar", e é fundamental, para o Crossdresser Libidinoso, poder "passar" o mais perfeitamente possível sem ser identificado como um membro do sexo biológico com que nasceu.
No entanto, o Crossdresser Libidinoso não deseja nem modificar fisicamente o seu corpo (logo, não apresenta uma tendência transexual), nem acredita que seja, efetivamente, um membro do sexo oposto.
Frequentemente mantém, no dia-a-dia, um comportamento em conformidade com o sexo biológico. Dado que o prazer e a gratificação sexuais obtidas se limitam ao ato de se vestir e comportar como um membro do sexo oposto.
Esta classe de crossdressers raramente se envolve em relações físicas com outros indivíduos (do mesmo sexo ou do sexo oposto). O ato sexual em si não é por si só, excitante; é o ato de se vestir e se comportar como um membro do sexo oposto que lhe causa prazer e satisfação.

Crossdresser Autoginecofílico


A Autoginecofilia (ou autoginefilia) é uma parafilia em que o indivíduo, de sexo masculino, é sexualmente excitado pelo pensamento de si mesmo enquanto mulher.
É uma forma de auto-erotismo narcisista mas em que o objeto de desejo não é o próprio corpo, mas sim a imagem desse mesmo corpo transformado em feminino.
Não é forçoso que um homem autoginecofilista se assume como crossdresser; a autoginecofilia pode nunca ser expressa materialmente (no sentido de necessitar de objetos externos como roupa e um comportamento feminino), mas ficar apenas no plano mental e imaginado: o indivíduo autoginecofílico apenas precisa de se imaginar como mulher para obter daí satisfação sexual.
Justamente quando há efetivamente, a expressão da autoginecofilia em objetos externos — roupa e comportamento — é que estamos na presença de um Crossdresser Autoginecofílico. Este tipo de crossdresser, semelhante ao anterior, não tem forçosamente de assumir uma relação (heterossexual ou homossexual) com outro indivíduo para se sentir gratificado sexualmente.
A distinção entre os dois tipos advém essencialmente do objeto de desejo: no caso do Crossdresser Libidinoso, são as roupas que veste e o comportamento que assume que o excitam. No caso do Crossdresser Autoginecofílico, é a imagem de si mesmo enquanto mulher que o excita, e que o leva a adotar comportamentos e vestuário do sexo feminino.
Semelhantes a ambos os casos existe o desejo de essa imagem ser a mais perfeita possível (de acordo com os padrões e comportamentos sociais estabelecidos).
No entanto, é importante fazer a distinção entre o Crossdresser Autoginecofílico e o Transexual: este se sente insatisfeito em estar "preso" num corpo de sexo diferente do gênero com que se identifica, enquanto que o Crossdresser Autoginecofílico tende a sentir-se "um homem preso num corpo de um homem", com dificuldade de se excitar sexualmente com outro indivíduo que não seja a sua própria imagem feminina. Não se trata de um homem que quer ser mulher, mas um homem que correlaciona à excitação sexual com o estar dentro de um corpo de mulher.
É, no entanto possível que o Crossdresser Autoginecofílico busque terapias hormonais para modificar o seu corpo para se aproximar mais do seu ideal feminino, embora continuem a comportarem-se socialmente como homens. 
Lawrence cita alguns casos de Crossdressers Autoginecofílicos que acabam por se submeter a cirurgias e tratamentos hormonais para viverem dentro do corpo que lhes garante estabilidade emocional relativamente aos seus desejos sexuais, mas que na realidade não desejam de todo viverem a sua vida como mulheres 24 horas por dia, nem sentem qualquer necessidade de abandonar as suas famílias, amigos, e postos de trabalho, para adotarem uma vida consistente com o seu "novo" corpo.
O Crossdresser Autoginecofílico apenas sente o intenso desejo sexual de se excitar com o seu corpo visualizado como feminino e mais nada.
O comportamento equivalente em indivíduos do sexo feminino é conhecido como auto-androfilia, embora a crescente aceitação social de mulheres exibindo um comportamento e um vestuário marcadamente masculinos torne esta forma de expressão de auto-erotismo menos visível.

 








Consequências


Popularmente, as formas de crossdressing mais visíveis ao público em geral estão relacionadas com o transvestismo ou com as drag queens— no primeiro caso, como forma de espetáculo; no segundo, mais como uma atitude de chocar um grupo social pouco tolerante a comportamentos tradicionalmente associados ao gênero oposto.
A noção de transvestismo enquanto forma de espetáculo nem sempre é clara para o público em geral; tradicionalmente, atores heterossexuais sem qualquer inclinação real para o crossdressing assumem papéis femininos apenas com o intuito de divertir a audiência; historicamente, dado que só relativamente recentemente é que atores femininos podiam pisar os palcos, o crossdressing enquanto forma de espetáculo faz parte da cultura ocidental.

No entanto é plausível assumir que muitos travestis sejam mais do que meros atores, mas verdadeiros crossdressers. Drag queens, dado terem pouco interesse em fazerem-se passar por mulheres — assumindo comportamentos deliberadamente exagerados e apresentando imagens deliberadamente distorcidas do comportamento feminino, podem muitas vezes ser crossdressers fetichistas, correlacionando o seu comportamento com um desejo sexual (geralmente homossexual).
Estas nuances escapam em geral ao público pouco informado sobre as diversas gradações de comportamento transgênero, muitas vezes origem de preconceito e discriminação.
O outro extremo encontra-se na potencialidade de encarar estas formas de parafilia dignas de tratamento médico, sendo, no entanto importante de referir que o crossdressing não é possível de ser "curado" — não se trata de uma perturbação mental, mas de uma característica da personalidade que é inata — mas apenas minimizado o problema do sofrimento do indivíduo enquanto crossdresser incapaz de ser aceito por uma sociedade intolerante para com esta forma de parafilia.

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